terça-feira, 31 de julho de 2007

Os cata-ventos

- Então, meninas, é isto. Vocês aceitam me ajudar?

As quatro mulheres à frente de Débora se entreolharam, tentando ler os semblantes umas das outras para saber se topavam ou não. Liliane, a prima, interveio e salvou a situação com as amigas: - Vamos fazer o seguinte: fala quem quiser. A Débora precisa da gente pra reportagem dela, mas ninguém é obrigada a nada. Quem não estiver a fim, fica quieta e curte a bebida e o papo. Eu começo. Débora quase levantou as mãos em louvor à prima que os deuses colocaram em sua vida. Sete anos mais velha, descolada, independente, morando com o namorado, Liliane era tudo o que a jornalista queria ser. - Eu tinha 15 anos – começou – Queria que minha primeira vez fosse com o namorado da época, o Serginho, lembra dele? Pois é. Dois dias depois do meu aniversário, estava sozinha em casa, ele apareceu. E foi. - Foi bom? - Depende. Foi legal, ele me tratou bem, não senti dor. Mas também não senti nada. Os meses passaram, a gente fazia, fazia... ele revirava os olhos, gemia e pronto. Eu, nada. Podia dormir que não faria diferença. - Nada de prazer? - Não. A gente transava há oito meses e nada. Eu achava que fosse comigo. Até que um dia, fui à festa de uma vizinha que havia passado no vestibular. Festa sem pais, galera mais velha, eu sozinha... tinha um cara lindo lá, quatro anos mais velho que eu. Não parava de me olhar. Eu me sentia despida com aqueles olhos me seguindo, mas gostei. Daí, fui ao banheiro, no andar de cima. Quando abri a porta para sair, dei de cara com ele. Me beijou, me deixou em brasa. Entramos em um dos quartos. Nem conversamos, ele me atirou na cama, e me arrancou as roupas. Parecia um bicho. Quando ele tirou as calças, não consegui dar um pio: era enorme! Botou a camisinha e imediatamente meteu em mim. Quis gritar, doeu fundo e fino, mas foi ficando bom. Depois de um tempo, gritei mesmo, mas de prazer. Parecia que o mundo girava cada vez mais rápido, rodopiava. - Como um cata-vento! – completou Giovanna. – Também foi a sensação que tive. - Foi muito bom – continuou Liliane – Depois, ainda nos vimos outras vezes, mas acabou. Serviu para descobrir que gosto de um pouco de violência, de tesão desenfreado. Papai e mamãe não me faz gozar. Elas levaram tempo para voltar a si, lembrando das próprias experiências. Carol tomou a palavra. - Comigo foi bem diferente. Namorava fixo, tinha 17 anos. Tentamos transar desde agosto, mas eu não conseguia, sentia muita dor. Pensem: eu era uma virgenzinha indefesa, e ele tinha 19 cm. Sim, eu medi! – disse ela, diante da expressão estupefata das outras – Só dois meses depois consegui relaxar e rolou. Foi bom, mas só. Não vi estrelas, o quarto não rodou, não houve fogos de artifício.
- Nem cata-ventos? - Nem cata-ventos. Continuamos transando... depois de um mês, eu senti alguma coisa a mais e gostei do negócio. Mas pra mim, não era um orgasmo. Passaram mais quatro semanas até que, conversando com uma amiga, ela me descreveu como era chegar lá. Pensei: “que legal! Gozei e só descobri um mês depois!”.
Risos altos, elas chamaram a atenção dos ocupantes das mesas próximas. Todos homens. Débora pensava: “Aiai, eles estão ouvindo!”. E depois, “Dane-se. Todo mundo goza. E quem não goza, deveria”. - O que você esperava, Carol? - Sei lá. Fogos. Cata-ventos. Algo que fosse muito maior. Mas ficou maior com o passar do tempo. É como girar cada vez mais rápido, de braços abertos, sozinha em uma planície. Como um pião.
Engraçado. Era a segunda vez que usavam um brinquedo para descrever a sensação de orgasmo. De repente, deu-se conta do quanto eram todas jovens. Entre ela e a mais velha, apenas sete anos de diferença. E agora, discutiam a magia mais antiga do mundo. Como se fossem crianças de brinquedo novo. - Já eu passei um bom tempo só gozando com uma boa chupada – Giovanna, 28 anos, tinha que ser ela. Bem que parecia ter cara de puta. Falava alto, chamou ainda mais a atenção – Perdi a virgindade aos 18. Já me masturbava antes, até sentia algum prazer, mas nada de parar o mundo. Era feinha, demorei a perceber que causava interesse nos outros. Então, quando me vi com 18 anos, na faculdade, ainda virgem, entrei em desespero. Dei pra um cara que nunca tinha visto, num dos forrós universitários. Ele tava bêbado, não ia lembrar pra contar pra ninguém. Foi num banco de carro. Horrível. Só gozei pela primeira vez um ano depois, quando transei com uma garota. Fui porque quis ser moderna, acabei adorando. Ela me fez um oral maravilhoso, eu ia às nuvens. Também transei com outras garotas, até me acertar com os rapazes. Transei com homens, mulheres, vários ao mesmo tempo. Hoje, estou há dois anos com a Clara. O melhor orgasmo da minha vida! A mulher mais linda que já vi... Ficou um tempinho em silêncio, os olhos marejados. Não, ela não era puta. Só se forçava pra parecer descolada. Como se sexo não tivesse importância, amor não existisse. Não passamos todas por fases assim? De experimentação, de galinhagem. Até descobrir que ficar presa nos olhos de alguém é a melhor coisa que pode acontecer. Ficaram pensando a respeito de amor, até que Sarah soltou:
- Já eu gozei antes de perder a virgindade... Olhares atônitos. O bar inteiro esperava os detalhes sórdidos. - Eu dava amassos mais fortes nos ficantes desde os quinze anos. Um deles uma vez fez alguma coisa com os dedos que até hoje não consegui descobrir exatamente, mas era bom demais! Foi assim que tive meu primeiro orgasmo. Depois perdi a virgindade, transei com outros caras, e nada. Só tive outro orgasmo quando reencontrei o mesmo ficante da masturbação. - Nossa, que dedos mágicos! - Pois é. E foi na mosca. Gozei de novo. Achei que o melhor era transar com ele pra ver se eu sentia alguma coisa. Daí, foi! Finalmente o cata-vento! - E continua sendo difícil gozar? - Que nada! Depois que aprendi, gozo rapidíssimo. Melhor que um coelho! O Lauro tem dificuldades em me manter interessada depois que gozo... foco, meninas. Tudo é uma questão de foco!! - Então... um brinde ao cata-vento! Levantaram os copos, só para ter uma surpresa: o bar inteiro, discretamente, brindou com elas. Ao cata-vento. Débora saiu do bar com a cabeça leve, o corpo flutuando. Bêbada, evidente. Mas também com uma vontade... do táxi, ligou para o namorado e o chamou para encontrá-la em casa. A noite seria de muitos cata-ventos.

10 comentários:

Macaco Primata disse...

a temática e layouts tão bons, mas acho q textos muito grande não combinam com essa sociedade apressada em q vivemos!

José Bezerra Netto disse...

cata-vento foi hilario...
muito bom o texto...alem de irreverente....
parabens....

Anônimo disse...

É melhor um cata-vento à mão do que ficar a ver navios.

Anônimo disse...

Muito legal o blog de vcs! Temos uma comunidade no orkut tbm...
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=33138958
se vcs quiserem que relacionemos vcs no orkut (não sei se vcs tem comunidade)O link no blog já vou providenciar, bjos!

MaxReinert disse...

... que lindo texto gurias!!!!!
... esclarecedor... acho que vou copiar e envia para alguns amigos homens (dou o crédito, don't worry!)....


Agora... do ponto de vista masculino, também existem diferenças entre "ejaculação" e orgasmo propriamente dito... níveis de satisfação e prazer!!!
Nem sempre o vento está forte e faz tudo girar... inclusive com os meninos!!!

bjzzzzzz

Anônimo disse...

Esse blog é TNT pura!!!

Muito bom, parabéns, como sempre!

Bam disse...

Atenção!
Pare de masturbar
Deixe o vento te catar.

rsrsrs!!

Excelente!!

PS Textos menores o que acham?

Anônimo disse...

adorei o texto,é lindo, muito bem escrito e gostoso de saborear,
só acho que podia ter terminado na penultima estrofe, seria um final poético...
estou conhecendo o blogger agora por causa de um amigo ao qual vou agradecer muito
parabéns

Lady in White disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lady in White disse...

Olá a todos!

Muito obrigada pelos comentários, é muito bom saber que os nossos devaneios literários foram lidos...

Bernardo e Macaco, muito obrigada também pela sugestão. Ainda estamos nos entendendo com os textos, e é difícil controlar a verborragia que nos é peculiar... daqui a mais um tempinho, nos acertamos.

Obrigada pela visitinha, acompanho todos até a porta para voltarem sempre!

Abraços