sábado, 28 de julho de 2007

Sobre traição – Parte 2 (...e também o confronto final)

Quando comecei a pensar no assunto, imaginei escrever três crônicas. Tudo bem, eu admito: mudo de idéia facilmente. Talvez seja minha natureza impulsiva, ou quem sabe, transtorno bipolar, que faz ora me sentir a mulher mais poderosa do mundo, ora uma criança indefesa que quer se esconder de tudo... Anulei a segunda crônica, que contaria em detalhes a minha experiência ao ser traída. Nos momentos em que me sentia mulher-fatal estava longe demais do computador. E quando chegava perto, ironicamente quem tomava conta da situação era a criancinha estúpida...

Falar sobre traição é muito delicado. É mexer nas nossas feridas mais profundas. Sempre fui adepta da defesa da realidade, por mais dolorosa que fosse. Minha convivência familiar repleta de primos machos me fez crescer acreditando que exclusividade amorosa era uma utopia. Até aí tudo bem... Um discurso muito bem delineado, desprendido, de uma mulher a frente de seu tempo. Os namorados vieram. Um, dois, e até mesmo três ao mesmo tempo... A incansável busca pelo ser completo, mesmo que tivesse que encontrar parte dele em vários homens diferentes. Também fui traída e trocada por outras. Admitir que estava sofrendo? Jamais! Quanto mais sofria, mais azarava. Onze bocas beijadas em uma única noite. E nada de sentimentos, só prazer e “curtição”.
Contudo, uma delas conseguiu ser beijada por muito mais tempo que a média. Até que, em um belo dia, descobri que os meus lábios e meu corpo não eram os únicos a serem tocados. Normal, eu diria! Tudo era uma questão de ocasião! Eu não estava lá e alguém aproveitava a deixa para se fazer mais presente do que eu. A razão me fazia compreender perfeitamente a situação. Só não me fazia entender porque, no fundo, eu estava sofrendo. Se tudo estava tão claro, porque me sentia tão injustiçada? Uma fusão de sentimentos me deixava fraca como se estivesse traindo minhas próprias convicções. Como pude cair na velha cilada dos contos de fada? Que felizes para sempre o quê?
Quanta hipocrisia! Há séculos o ser humano tenta negar sua selvageria. Por que não assumir que somos sim, como qualquer outro animal? Precisamos dos outros para nos satisfazer, seja sexualmente ou psicologicamente! Por que não vemos problema nenhum em trair, mas nos lamentamos quando somos traídos? Uma amiga atribui isso ao fato de que tudo está bem quando a situação está sob nosso controle. Eu concordo! E, como uma Dominatrix, me satisfaço plenamente quando conduzo os passos da minha vida e daqueles que estão próximos. Talvez a dor se deva à minha própria traição! Ter sido ingênua o bastante para permitir que alguém editasse um trecho da minha história, sem consulta prévia.
Mas sinceramente, ainda não estou preparada para ter uma relação aberta, pautada na verdade, em que todos os casos amorosos extra-oficiais estejam explícitos para o casal. É nessas horas que é bom frear os ânimos da Srta. Power aqui dentro! Admitir que por mais que tente se desvencilhar dos traços de Julieta, ainda está longe da maturidade de uma Dama das Camélias...

8 comentários:

Renata Andrade Chamilet disse...

eu sou adepta do " o que os olhos não vêem, o coração não sente". quer fazer, faça bem feito! é péssimo descobrir uma traição!

Arne Balbinotti disse...

Traições são sempre traições, mas acho que antes de tudo devemos ser fieis a nós mesmos...
Abraços.

Elza disse...

Nada de relação aberta... o carinho que dou ou recebo tem que ser só para um e dividido com mais ninguém
rsrs..
possessiva neh?!
mas só um pouco...

**
parabéns pela indicação ao blog 5 estrelas!
=]

Anônimo disse...

Trai�o n�o rola, assim como relacionamento aberto, se voc� t� com a pessoa � pq gosta.

Obrigado pelo coment�rio, continue visitando o Som do Som... deixando seu coment�rio, critica, sugest�o.

abra�o!
http://somdosom.blogspot.com/

Isa Dora disse...

Disseram aí em cima q "o q os olhos não vêem o coração não sente", concordo plenamente. Me traia pra eu não ficar sabendo, pq senão a coisa não vai ser legal não...

Esse blog é muito legal, tem sempre textos muito bons.

Lady in White disse...

Queridos,

Traição de fato é uma situação extremamente delicada. Conheço quem diga que não se importa e só falta morrer, quem reclama que se importa e só falta matar, e quem não diz nada e não se importa mesmo. Tudo é uma questão de diálogo. Mas mesmo em relacionamentos abertos, quando é o caso, faça bem feito! Nada pior do que sentir que foi feito de idiota frente a 180 milhões de brasileiros, sobretudo depois do Orkut...

Abraços a todos, continuem comentando. Vocês são sempre muito bem-vindos.

Anônimo disse...

do caralho essa cronica, maravilhosa, uma construção perfeitamente esclarecedora!
por isso que vocês fazem tanto sucesso em tão pouco tempo

Anônimo disse...

eu acho é que ninguém vai estar preparada(o) para uma relação aberta o ser humano é muito egoísta se eu tivesse um remedinho contra o ciúme as coisas seriam perfeitas, mas onde é que compra?